Mulheres são mais de 70% das vítimas dos casos de agressão notificados na rede de saúde do Rio
Levantamento da FGV/DAPP com dados da Secretaria Estadual de Saúde aponta que 5% das vítimas de agressão estavam gestantes quando sofreram a agressão
há 6 anos
Sete em cada dez notificações de agressão na rede de saúde do Rio de Janeiro estão relacionadas a vítimas do sexo feminino. A conclusão é de uma nova pesquisa da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV (FGV/DAPP) que analisou dados da Secretaria de Saúde do estado relativos ao período entre janeiro 2013 e junho de 2016. Segundo o levantamento, as unidades de saúde notificaram quase 30 mil casos de violência contra mulher, a maior parte vítima de namorados, maridos ou ex-companheiros.
Apesar do número expressivo, os casos notificados por hospitais, clínicas e unidades de pronto-atendimento são inferiores aos registrados em delegacias. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), entre 2013 e 2015 foram 253,5 mil notificações de agressão, contra ambos gêneros, o que sugere haver uma subnotificação dos casos na rede de saúde.
O estudo, que tem objetivo de apoiar o poder público a tomar medidas preventivas, educacionais e de apoio às vítimas, aponta que 81,5% dos casos notificados são de espancamento. Além disso, a maioria não tem motivação declarada (89%), mas quando consta a informação, a principal causa é sexismo (24,6%), seguindo de conflito geracional (13,7%) e situação de rua (3,6%). Em 5% dos casos, a vítima é gestante.
Concentração geográfica
Outro ponto que chama a atenção é a concentração das notificações na Região Metropolitana do estado. Rio de Janeiro e Duque de Caxias, as duas cidades com maior população do estado, registram também o maior número de casos entre 2013 e 2016, seguidas principalmente por municípios da Baixada e do Norte Fluminense.
Além disso, há uma concentração geográfica de municípios sem ocorrência notificada nos três anos e meio analisados no Norte e Centro do estado, como Trajano de Moraes, Carmo e Cantagalo. Essa inexistência de notificações pode indicar a ausência de unidades hospitalares especializadas para anteder vítimas de violência física que acabam não notificando o crime ou ainda, as vítimas podem estar sendo encaminhadas a unidades de outros municípios.
No perfil da vítima que buscaram ajuda em unidades de saúde, o estudo destaca o fato de que 30,6% delas têm entre 20 a 29 anos. Em relação ao perfil racial, 31,4% delas se declaram pardas, 29,8% se declaram brancas e 14,1% se declaram pretas.
Veja abaixo mais resultados da pesquisa:
Veja mais sobre: mulher, Violência, violência contra mulher